sábado, 3 de dezembro de 2011

OMBRO DOLOROSO – SÍNDROME DO IMPACTO

 

A síndrome do impacto é a principal causa de dor no ombro e seu tratamento inicial deve ser sempre clínico, através de exercícios que buscam restabelecer a mecânica normal da articulação. Mesmo na presença de rupturas tendinosas grandes, o tratamento de reabilitação deve ser feito como primeira alternativa. Em pacientes com idade acima de 65 anos, em que a indicação cirúrgica é restrita, o tratamento de reabilitação deve ser mais prolongado.
Os princípios fundamentais que regem o tratamento de reabilitação do ombro na síndrome do impacto são: conhecer a mecânica articular e suas alterações; diagnóstico preciso das condições articulares; conhecer a origem da dor; conhecimento das sinergias musculares e evitar os traumatismos de repetição.

Agentes físicos

Crioterapia
O uso do frio corretamente como agente terapêutico analgésico e “antiinflamatório” na fase aguda do processo doloroso da síndrome do impacto pode ser de grande valia. A crioterapia é mais analgésica que o calor e muito eficiente no tratamento da dor noturna presente na síndrome do impacto e lesão do manguito rotador.

Bolsa de gelo – Recomenda-se o uso de bolsas ou compressas de gelo, que melhor se adaptam à forma do ombro. O tempo de utilização varia de 8 a 20 minutos, dependendo da tolerância do paciente.

“Sprays” congelantes – Gás liquefeito fluorimetano, que deve ser utilizado nas áreas de pontos-gatilho do músculo, nas síndromes miofasciais secundárias, na fase aguda do processo. A técnica de aplicação manda que o tubo se mantenha a 15 centímetros de distância do ponto doloroso e perpendicular à região tratada.

Calor

Ultra-som – O agente de escolha para o aquecimento do ombro, por suas características biofísicas e de aplicação. O tempo de aplicação é de 10 minutos e a dose, de 1,0 a 1,5 watts/cm2. Contra-indicado na fase aguda do processo.

Ondas curtas e microondas – Podem ser utilizados no ombro, embora menos específicos para a patologia tendinosa. São úteis nas síndromes miofasciais secundárias. O tempo de aplicação varia de 10 minutos (microondas) a 20 minutos (ondas curtas). Contra-indicados na fase aguda do processo.

Terapia contra-irritativa

TENS – O uso de estimulação elétrica transcutânea analgésica de baixa freqüência pode ser eficiente nos processos dolorosos do ombro como método coadjuvante. Deve ser associada com ultra-som ou gelo, principalmente em processos dolorosos crônicos. Recomenda-se aplicações de 30 minutos, uma a três vezes/dia.

Eletroacupuntura – Método analgésico contra-irritativo similar à TENS, podendo também ser utilizada associada com outros recursos.

Cinesioterapia

Fase 1 – Exercícios de amplitude articular

Exercícios pendulares – Devem ser executados com o peso de 1kg e em todas as direções, 20 a 30 repetições.

Estiramento em flexão – Pode ser realizado com a ajuda do membro oposto ou com o bastão, em posição de decúbito dorsal e em pé.

Estiramento em rotação interna – Pedir ao paciente para colocar o polegar sobre a apófise espinhosa
do corpo vertebral mais alta que conseguir do lado afetado. Para realizar o alongamento, interpor entre o braço comprometido e o contralateral uma toalha. O braço contralateral se posiciona em rotação externa e abdução e realiza o movimento de alongamento tracionando o membro afetado.

Estiramento em adução – Realizar o movimento máximo de adução com o membro comprometido na linha do ombro, estirando com o membro oposto.

Fase 2 – Fortalecimento muscular

São utilizados exercícios isométricos e isotônicos de contração concêntrica com halteres e excêntrica com extensores elásticos.
Os exercícios isocinéticos podem ser utilizados, embora sua aplicabilidade prática seja comprometida no ombro pelas dificuldades de montar o aparelho, manter o paciente na posição desejada e conseguir realizar adequadamente os exercícios.
A avaliação isocinética buscando quantificar o nível de atividade física que pode ser executado pelo paciente é mais utilizada. O treinamento isocinético é mais útil em pacientes jovens e atletas.

Deltóide – Deve ser treinado nas posições deitada e em pé. Iniciar em decúbito dorsal mantendo a flexão de cotovelo e aumentar gradativamente a carga e a amplitude de movimento.

Peitoral maior e trapézio, grande dorsal e serrátil anterior – Devem ser trabalhados desde o início do programa, para melhorar a movimentação da articulação do ombro e ritmo escapulumeral.

Supra-espinhal – Deve ser treinado nos movimentos de abdução no plano da escápula e abdução a 90 graus. O treinamento isotônico excêntrico é essencial nos músculos do manguito rotador.

Infra-espinhal e redondo menor – Treinamento em rotação externa no plano da cintura. Não treinar em abdução, para evitar o impacto. O treinamento excêntrico é essencial.

Subescapular – Treinamento em rotação interna no plano da cintura. Também não deve ser treinado em abdução, para evitar o impacto. O treinamento excêntrico é essencial.

Fase 3 – Recuperação funcional

Para a volta do paciente às suas atividades diárias normais, pode ser necessário um treinamento específico, para que se melhore sua resistência muscular (endurance). O treinamento deve ser feito através da própria atividade, que deve ser executada por períodos progressivamente maiores, até que se atinja o nível necessário. Esta orientação é particularmente necessária para as atividades domésticas.
Roteiro para tratamento clínico da síndrome do impacto
 
Fase Aguda
Repouso articular
Antiinflamatórios não hormonais
Crioterapia
Terapia contra-irritativa
Fase de Reabilitação
Analgesia, ultra-som/eletroterapia
Exercícios amplitude articular
Exercícios fortalecimento muscular
Reeducação funcional

Roteiro para tratamento reabilitação:
 
Descompressão Subacromial
1ª semana
2ª semana
Analgesia
Ultra-som/ondas curtas/eletroterapia
Exercícios de fortalecimento muscular Isométricos/isotônicos
Recuperação amplitude articular
Carga máxima: 5% peso
Exercícios de reeducação muscular
Duração: 6/8 semanas
 
Reparação Manguito Rotador
1ª semana 4ª semana 7ª semana
Analgesia: ultra-som Manter conduta anterior Manter conduta anterior
Recuperação amplitude articular Iniciar fortalecimento exercícios concêntricos Iniciar fortalecimento abdutores
Reeducação muscular  movimentação ativa Reeducação muscular Exercícios de fortalecimento excêntricos
Exercícios isométricos *** ***
Evitar abdução ativa lesões extensas *** ***
Duração: três semanas Duração: três semanas Duração: cinco semanas
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