O conceito do uso da água para fins terapêuticos na reabilitação teve vários nomes como: hidrologia, hidrática, hidroterapia, hidroginástica, terapia pela água e exercícios na água. Atualmente, o termo mais utilizado é reabilitação aquática ou hidroterapia (do grego: “hydor”, “hydatos” = água / “therapeia” = tratamento).
Existem diversas formas de se usar a água como elemento terapêutico. O termo hidroterapia engloba todas elas, mas podem ser diferenciadas algumas formas distintas de utilização da água em processos profiláticos ou terapêuticos, tais como:
- A hidroterapia por via oral;
- A balneoterapia;
- As duchas quentes; frias ou mornas;
- As compressas úmidas;
- A crioterapia;
- A talassoterapia;
- A fangoterapia;
- A crenoterapia;
- Saunas;
- Turbilhão;
- Hidromassagem;
- Hidrocinesioterapia ou fisioterapia aquática;
A origem do uso da água como forma de terapêutica
Em muitas culturas o uso da água foi relacionado ao misticismo e às religiões. O uso da hidroterapia como forma terapêutica data de 2400 a.C. pela cultura proto-indiana que fazia instalações higiênicas. Era sabido que anteriormente, egípcios, assírios e muçulmanos usavam a água com propostas curativas. Há também documentação de que os hindus em 1500 a.C. usavam
a água para combater a febre. Arquivos históricos constam que civilizações japonesas e chinesas antigas faziam menções de culto (adoração) para a água corrente e faziam banhos de imersão por grandes períodos. Homero mencionou o uso da água para tratamento da fadiga, como cura de doenças e combate da melancolia1. Na Inglaterra, as águas de Bath foram usadas anteriormente a 800 a.C. com propostas curativas.
A era da água curativa — 500 a.C. até 300 a.C.
Em 500 a.C., a civilização grega deixou de ver a água como um ponto místico e começou a usá-la para tratamento físico específico. Escolas de medicina apareceram próximas a nascentes. Hipócrates (460-375 a.C.) usou a imersão em água quente e fria para tratar muitas doenças, incluindo espasmos musculares e doenças reumáticas. Recomendava aindaa hidroterapia para o tratamento de outras doenças incluindo icterícia, paralisias e reumatismo. Os lacedônios criaram em 334 a.C. o primeiro sistema público de banhos que se tornou parte integrante das atividades sociais.
A civilização grega foi a primeira a reconhecer esses banhos, desenvolvendo centros perto de nascentes naturais e rios e observando a relação entre os benefícios para o corpo e a mente, pelos banhos e recreação.
Uso da água durante o Império Romano
Mais adiante, o Império Romano expandiu o sistema de banho desenvolvido pelos gregos. Os romanos destacaram-se por sua habilidade na arquitetura e construção. Como no sistema grego, os banhos romanos foram originalmente usados por atletas e tinham por objetivo higiene e prevenção das doenças. O sistema romano envolvia uma série de banhos com diferentes temperaturas: muito quente “caudarium”, água morna “tepidarium” e muito fria “frigidarium”. Muitos desses banhos eram elaborados e realizados em grandes áreas. Os banhos do imperador Caracalla cobriam uma milha
quadrada com uma piscina que media 1.390 pés. Os banhos começaram a ser usados por mais pessoas e não somente por atletas. Os spa (“special public assistance”) tornaram-se centros de saúde, higiene, descanso para intelectuais, locais para exercícios e recreação.
Por volta de 330 d.C., a primeira proposta dos banhos romanos foi a cura e tratamento de doenças reumáticas, paralisias e lesões. Entretanto, o primeiro modo foi o da terapia em “tanques de água”, consistindo em sentar dentro do tanque e permanecer submerso sem se movimentar.
Uso da água durante o declínio do Império Romano e Idade Média
Com o declínio do Império Romano a natureza higiênica dos banhos romanos começou a deteriorar-se.Houve então a proibição do uso de banhos públicos pelo Cristianismo, havendo um declínio no uso do sistemas de banhos romanos. Esses banhos elaborados foram desaparecendo com o decorrer das décadas e por volta de 500 d.C., eles deixaram de existir. A influência da religião durante a Idade Média conduziu para um novo declínio no uso dos banhos públicos e da água como forma curativa. O Cristianismo nesse período via o uso de forças físicas incluindo-se a água como um ato pagão. Essa atitude pública persistiu até o século XV, quando ressurgiu o interesse pelo uso da água como um meio curativo.
Uso da água durante 1600-1700
No séculos XVII e XVIII banhos com propostas higiênicas não eram aceitos na prática. Entretanto, o uso terapêutico da água começou a ressurgir gradualmente. Em 1700, um físico alemão, Sigmund Hahn, e seus filhos usaram a água para “dores nas pernas e comichão” e outros problemas médicos. A disciplina médica começou a se referir a “hidroterapia” e foi então definida por Wyman e Glazer como aplicação externa da água para tratamento de qualquer forma de doença.
Alguns físicos na Inglaterra, França, Alemanha e Itália promoveram aplicações internas, (que consistia em beber as águas) e externas (por meio de banhos e compressas quentes e frias) para tratamento de várias doenças.
Baruch creditou à Grã-Bretanha o berço do nascimento da hidroterapia científica, com a publicação do Sr. John Floyer, em 1697, com o tratado: “An Inquiry into the Right Use and Abuse of Hot, Cold and Temperature Bath”. Floyer dedicou muito da sua vida ao estudo da hidroterapia. Baruch acreditava que o tratado de Floyer influenciou o professor Frederich Hoffmann da Universidade de Heidelberg para incluir as doutrinas de Floyer em suas aulas. De Heidelberg esses ensinamentos
foram levados para a França. Depois disso, o Dr. Currie, de Liverpool, Inglaterra, escreveu trabalhos
relatando sobre a hidroterapia, fornecendo-lhe uma base científica pelos seus experimentos. Esses trabalhos foram traduzidos em várias línguas. Embora os trabalhos de Currie não fossem bem aceitos na Inglaterra, eles foram bem valorizados na Alemanha.
John Wesley, o fundador do Metodismo, publicou um livro em 1747 titulado “An Easy and Natural way of Curing Most Diseases”. Este livro falava sobre o uso da água como uma forma de cura. Os escandinavos e russos popularizaram o uso de banhos frios após os banhos quentes. Os banhos quentes com vapor precedidos por banhos frios tornaram-se um tradição e foram populares por muitas gerações.
Ressurgimento da água como cura em 1800
O uso da hidroterapia neste ponto da história prosseguiu com técnicas de tratamento que incluíam lençóis, compressas, fricção fria, banhos sedativos, banhos de rede (“hammock”) e de dióxido de carbono. Em 1830, um silesiano, Vicent Priessnitz, desenvolveu programas de tratamento e usava primariamente banhos ao ar livre. Esses tratamentos consistiam de banhos frios, banhos de chuveiro e bandagens. Pelo fato do Sr. Priessnitz não possuir nenhuma credibilidade médica, ele não foi visto favoravelmente por todos os físicos dessa época. A comunidade científica desacreditou-
o de seus programas de tratamento e viam-no como um empírico. Esses empíricos eram chamados
“Naturarezie” (Naturopatas). Alguns “hidroterapeutas”, nessa época, viajaram para a Silésia para aprenderem as técnicas desenvolvidas por Priessnitz.
Durante esse tempo, Sebastian Kniepp (1821-1897), um bavário, modificou as técnicas de tratamento de Priessnitz alternando as aplicações frias com mornas e depois banhos quentes parciais, ou seja, imergir parte do corpo em tanques ou piscinas de diferentes temperaturas. Os tratamentos da água de Kniepp também consistiam em molhar o corpo com duchas e banhos de
chuveiro em diferentes temperaturas com finalidades curativas. A “Kniepp Cure” tornou-se popular na
Alemanha, no Norte da Itália, Holanda e França e é utilizada até hoje.
Winterwitz (1834-1912), um professor austríaco, foi o fundador da Escola de Hidroterapia e Centro de
Pesquisa em Viena; ele é lembrado como um dos mais devotos profissionais no estudo da prática da hidroterapia, também chamada “hybratics”. Seu instituto ficou conhecido como “Instituto de Hidroterapia”. Ele foi inspirado nos trabalhos de Priessnitz e Currie que observaram as reações dos tecidos na água em várias temperaturas. Os estudos de Winterwitz encontraram os fundamentos da hidroterapia e estabilizaram bases fisiológicas da hidroterapia.
Alguns dos alunos de Winterwitz, particularmente Kelogg, Buxbaum e Strasser, contribuíram significantemente para o estudo dos efeitos fisiológicos de aplicações de calor e frio, a termorregulação do corpo humano e a hidroterapia clínica.
Um dos primeiros americanos a se dedicar à pesquisa sobre hidroterapia foi o Dr. Simon Baruch. Ele viajou para a Europa para estudar com o Dr. Winterwitz e para conversar com aqueles que eram considerados empíricos, como Prieissnitz. Em seu livro “An Epitome of Hydrotherapy”, Baruch discutiu os princípios e métodos do uso da água como tratamento de várias doenças como
febre tifóide, gripe, insolação, tuberculose, neurastenia, reumatismo crônico, gota e neurite. Baruch também publicou dois outros livros em 1893: “The Uses of Water in Modern Medicine” e “The Principles and Practice of Hydrotherapy”. Ele foi o primeiro professor da Columbia University de Nova Iorque (EUA) a ensinar hidroterapia.
História moderna da hidroterapia na Europa
Durante o século XIX as propriedades da flutuação começaram a ser estudadas para realizar exercícios em pacientes na água. Para Basmajian a finalidade dos spa europeus era a de começar a tratar distúrbios “locomotores” e reumáticos. Em 1898, o conceito de hidroginástica foi introduzido por Leydeen e Goldwater que incluíam a realização de exercícios na água que serviram como precursores do conceito de reabilitação aquática. A hidroginástica implicava realização de exercícios na água, sendo estes realizados por um profissional da saúde.
Em 1928, o físico Water Blount descreveu o uso de um grande tanque com um redemoinho em que estava incluso um motor para ativar os jatos d’água. Este se tornou conhecido como “tanque de Hubbard”. O tanque de Hubbard foi utilizado inicialmente para realizar exercícios na água. Este auxiliava e assistia no desenvolvimento dos programas de exercícios na piscina.
Durante a primeira metade do século, na Europa, os tratamentos foram baseados em duas técnicas: Bad Ragaz e Halliwick. Mais tarde foi apresentada uma técnica adaptada denominada Watsu.
Hidroterapia no Brasil
No Brasil, a hidroterapia científica teve seu início na Santa Casa do Rio de Janeiro, com banhos de água doce e salgada, com Artur Silva, em 1922, que comemorou o centenário do Serviço de Fisiatria Hospitalar, um dos mais antigos do mundo sob orientação médica. No tempo em que a entrada principal da Santa Casa era banhada pelo mar, eles tinham banhos salgados, aspirados do mar, e banhos doces, com a água da cidade.
Atualmente, o conteúdo de instrução em fisioterapia aquática nos programas acadêmicos de fisioterapia é uma prática cada vez mais frequente, com um índice de 62% de inclusão no currículo de nível básico.
Embora a reabilitação aquática venha realizando grandes avanços desde o começo do século XX, é preciso intensificar ainda mais a utilização dessa prática terapêutica pelos profissionais da saúde que acreditam nos seus benefícios, estimulando a incorporação da reabilitação aquática nos programas de tratamento terapêutico.
Nossa eh horrível para leitura
ResponderExcluirDoe a vista
Essa letra branca cm esse preto tá ta ruim d mas. O assunto eh ótimo mas não tem cm ler